Foi muito triste a entrevista coletiva de Neymar agora há pouco no CT Rei Pelé. O que se viu o tempo todo foi um festival de perguntas repetidas, sem nexo e repletas de falta de respeito ao jogador e ao Santos. Tenho muito orgulho de ser jornalista, mas, ao mesmo tempo, lamento profundamente os rumos que a atividade do jornalismo esportivo está tomando.
Logo na sua primeira manifestação Neymar deixou claro que não sairá do Santos num prazo curto. Fossem sérios e corretos os perguntadores e o assunto se esgotaria aí, mesmo porque, é uma tremenda idiotice tentar adivinhar o que ocorrerá com ele daqui a dois ou três anos. Mas não. Da primeira à última pergunta os entrevistadores tentaram arrancar a fórceps uma afirmação do jogador, de que ele irá para lá ou para cá. Um espetáculo triste, digno dos piores momentos na relação imprensa-jogadores de futebol.
Foto: Ricardo Saibun/Divulgação Santos FC
O absurdo chegou ao ponto de ninguém, vou repetir, ninguém perguntar sobre o clássico de ontem, a grande vitória do Santos contra o Corinthians, o show de Neymar, que, mais uma vez, foi decisivo num triunfo do seu time. É óbvio que a liberdade de imprensa tem dessas coisas, mas imbecilidade tem limite. O juíz de toda essa situação tem que ser o povo. Ele é soberano e pode se manifestar comprando ou não determinados jornais, assistindo ou não alguns programas de TV, ouvindo ou não emissoras de rádio, frequentando ou não portais de internet e redes sociais.
Por falar nisso, não queria estar na pele do manda-chuva do Estadão, que eu nem sei quem é. Isso porque, ele terá, nos próximos meses, que tomar uma decisão drástica: demitir um dos seus principais jornalistas ou, talvez, até dois. Sim, porque, há poucos dias, um jornalista da empresa deu em matéria de capa que Neymar já é do Barcelona. E ontem outra jornalista da mesma empresa garantiu que o jogador já é do Real Madrid, também em matéria de capa. Moral da história: se Neymar for para o Barcelona a jornalista deverá ir para a rua e se ele for para o Real Madrid sobrará para quem afirmou o contrário. E, se Neymar ficar no Santos ou for para um outro país, os dois irão para a fila do seguro desemprego. E irão merecidamente, Bem Feito !
Para concluir, penso que a diretoria do Santos deveria tomar providências a respeito. É da vida, tratar bem quem te trata bem e vice-versa. O clube tem, portanto, todo o direito de tratar com respeito e profissionalismo os órgãos e jornalistas que são corretos com a instituição e tratar de outra forma quem não respeita o clube e seus jogadores. Nada mais justo.
José Calil