Só pode ser brincadeira, alguém achar que o Santos virou um saco de pancadas no campeonato brasileiro, só porque o volante Adriano se machucou, e não pode atuar nos últimos jogos. Reconheço que Adriano marca muito bem, e que ele teve lá sua importância na conquista da Libertadores. Agora, um elenco tão badalado, cheio de craques com contratos milionários, dirigidos por um técnico top, não pode ser dependente de um simples destruidor de jogadas, que recebe um dos menores salários do clube. Não é por aí.
Foto: Ricardo Saibun / Santos FC
O problema que tem levado o Santos, a apanhar de todo mundo, é de atitude. Após a conquista da Libertadores, o time não conseguiu em nenhum momento reeditar a pegada, a determinação, e a entrega, mostradas nos momentos decisivos, da competição sulamericana. Futebol, hoje em dia, é força, velocidade, marcação. Quem não jogar assim, pode ter os melhores jogadores do planeta, que não vai ganhar de ninguém.
Muitos pensam que o principal fundamento, que explica o sucesso do Barcelona, é o passe. Nada disso. O que o Barcelona faz de melhor é marcar. Quando o time catalão perde a bola, há uma verdadeira obsessão em retomá-la. O adversário é marcado em todos os setores do campo, não consegue respirar. Aí sim, de posse da bola, o Barcelona desfila aquela técnica maravilhosa, que encanta a todos nós.
Ver o Santos jogar hoje é irritante. Os espaços dados ao Flamengo, e ao Atlético PR, são dignos de um time de várzea. O último gol de Ronaldinho Gaúcho, e o gol de Cleber Santana, mostram isso claramente. Ambos entraram na defesa do Santos como quiseram, sem serem marcados, até finalizarem na cara do goleiro. Por falar em goleiro, até para Rafael está faltando atitude. Ele tem falhado muito, por não ir mais para os lances para decidir, ou por se omitir, não saindo da meta em momentos decisivos.
Neymar e Borges são exceções a tudo isso. Eles sim, têm se esforçado, corrido, têm, tentado de tudo, para tirar o Santos da zona de rebaixamento. Mas os outros...
Mesmo que Adriano tivesse jogado, o Santos teria perdido os últimos jogos. De nada adiantaria ele marcar, se os outros, como estão fazendo, ficassem apenas olhando o adversário jogar. Digo e repito: o problema do Santos não é tático, não é de escalação do time, nada disso. Está faltando atitude. A maioria dos jogadores acha que, porque o time ganhou a Libertadores, não precisa fazer mais nada até o final do ano. Esses caras precisam entender que a vida não é assim. Em qualquer setor de atividade, é preciso matar um leão por dia para sobreviver. Muito mais num segmento, onde os profissionais ganham fortunas, e ainda trabalham no que gostam.
Enquanto o time do Santos não voltar a correr vai continuar apanhando. Com ou sem Adriano.
José Calil