domingo, 2 de outubro de 2011

E TUDO ACABOU NAQUELA NOITE

Cada vez mais me convenço de que o Santos selou sua sorte no campeonato brasileiro em 27 de julho, na vexatória e inadmissível derrota para o Flamengo. Foi a primeira apresentação do time completo após a Libertadores, com a inclusão de Borges no lugar de Zé Eduardo, o que, convenhamos, aumentou muito o potencial da equipe.



O Santos teve momentos brilhantes, fez 3 a 0 e abriu a possibilidade da construção de uma goleada histórica. Vencendo aquela partida, não tenho dúvidas, embalaria rumo ao título. A derrota, da forma como ocorreu, teve efeito devastador. A partir dali nunca mais o time chegou perto do futebol mostrado naqueles minutos e deu no que deu: uma campanha ridícula para o elenco que o Santos tem, pagando os salários que paga.

Foto: Ricardo Saibun / Santos FC


A Libertadores foi conquistada dia 22 de junho, há três meses e meio, portanto. De lá para cá foram 21 jogos e o Santos, além dos minutos iniciais diante do Flamengo, jogou só uma grande partida, na vitória contra o Corinthians, no Pacaembu. É muito pouco. Nas demais apresentações, ou o time encostou o corpo ou cometeu falhas técnicas que não são vistas nem na várzea, como a de sábado, quando sofreu um gol de escanteio no último minuto, mesmo tendo um jogador a mais. É uma questão meramente matemática: se você tem 11 jogadores para defender e o adversário apenas oito para atacar, tirando o goleiro e quem bateu o córner, como tomar um gol daquela forma, ainda marcado por um medíocre zagueiro, de quem a própria torcida do Fluminense nem quer ouvir falar ? 



As desculpas são muitas: contusões em excesso, cansaço físico e mental, convocações dos principais jogadores, suspensões, jogos sobrepostos. Tudo blá, blá, blá, conversa para boi dormir. Afinal, todos os postulantes ao título brasileiro padecem dos mesmos males. Ou será que só jogadores do Santos se machucam, só jogadores do Santos são convocados, suspensos, só no Santos há cansaço ?



Os cronistas gaúchos, que eu pessoalmente tanto admiro e que Muricy, que trabalhou lá, conhece bem, usam uma expressão perfeita para o caso: eles dizem que, para ganhar títulos, um time deve que ter CAPACIDADE DE INDIGNAÇÃO. O vestiário do Santos perdeu essa condição há tempos. É derrota atrás de derrota. Só para o modesto Figueirense foram seis pontos perdidos. E ninguém fica indignado. Todos vão para casa dizendo: “tá tudo bem, já ganhamos o Paulista e a Libertadores”.



É uma pena: um time com tantos grandes jogadores, que paga salários tão milionários, passar um campeonato brasileiro inteiro perto da zona de rebaixamento, exatamente porque seus profissionais são desprovidos da tal CAPACIDADE DE INDIGNAÇÃO, termo tão bem aplicado pelos nossos colegas do Rio Grande do Sul. 


José Calil

Nenhum comentário:

Postar um comentário